quarta-feira, abril 11, 2007

Portugal:revolução e transição para a democracia


Se recuássemos uns anos, até antes do 25 de Abril de 1974, não reconheceríamos Portugal.

Não havia liberdade. Existia censura, a actividade política, associativa e sindical era quase nula e controlada pela polícia política, havia presos políticos, a Constituição não garantia os direitos dos cidadãos, Portugal mantinha uma guerra colonial e encontrava-se praticamente isolado na comunidade internacional.

A informação e as formas de expressão cultural eram controladas, fazia-se uma censura prévia que abrangia a Imprensa, o Cinema, o Teatro, as Artes Plásticas, a Música e a Escrita. Não havia Liberdade.

A actividade política estava condicionada, não existiam eleições livres e a única organização política aceite era a União Nacional/Acção Nacional Popular. A oposição ao regime autoritário de Salazar e depois de Marcelo Caetano, era perseguida pela polícia política (PIDE/DGS) e tinha de agir na clandestinidade ou refugiar-se no exílio.

Os oposicionistas, sob a acusação de pensarem e agirem contra a ideologia e prática do Estado Novo, eram presos em cadeias e centros especiais de detenção (Caxias, Aljube Tarrafal). Não havia Liberdade nem Democracia.

A Constituição não garantia o direito dos cidadãos à educação, à saúde, ao trabalho, à habitação. Não existia o direito de reunião e de livre associação e as manifestações eram proíbidas. Não havia Liberdade.

Portugal estava envolvido na guerra colonial em Angola, na Guiné e em Moçambique, o que gerou o protesto de milhares de jovens e se transformou num dos temas dominantes da oposição ao regime, com especial realce para os estudantes universitários. Não havia Liberdade nem Paz.

Hoje é difícil imaginar como era Portugal antes do 25 de Abril de 1974. Mas, se pensarmos que, por exemplo, as escolas tinham salas e recreios separados para rapazes e raparigas, que muitos discos e livros estavam proíbidos, que existiam nas Rádios listas de música que não se podia passar, que havia bens de consumo que não se podiam importar, que não se podia sair livremente do país, que sobre todos os rapazes de 18 anos pairava o espectro da guerra, será mais fácil compreender porque é que a Mudança teve de acontecer e como é que Portugal se tornou diferente.

(Centro de Documentação 25 Abril / Universidade de Coimbra)

1 comentário:

Anónimo disse...

Para quem se interessa por estas coisas, isto é, pela História, que afinal é a vida,individual e colectiva, pode estar atento à televisão - pasmem!- canal 1 e ao programa Portugal- um retrato social, de António Barreto, que passa à noite`, à terca-feira.
Talvez, se este programa tivesse acontecido mais cedo uns mesitos, o Salazar não fosse o maior português. É bem verdade que a memória dos homens é curta e que a Liberdade é uma conquista diária!J. Louro