domingo, dezembro 10, 2006

10 de Dezembro de 1640: Guimarães adere à Restauração

D. João IV

No dia 10 de Dezembro de 1640, o Duque de Bragança, D. João, foi aclamado em Guimarães. Nesse dia, os sinos tocaram a chamar o povo e, da janela da casa da Câmara (na Praça da Oliveira), gritou-se: "Real! Real! Viva dom João o quarto, rei de Portugal!". O acontecimento ficou registado no livro de Vereações da Câmara de Guimarães, onde se pode ler:

"Aos dez dias do mês de Dezembro de mil e seiscentos e quarenta anos nesta vila de Guimarães na Câmara dela estando aí presente o doutor Pantaleão de Sousa Juiz de fora com alçada nesta dita vila e Estêvão Machado vereador e bem assim Manuel Machado de Miranda Capitão-mor desta dita vila com a nobreza e povo dela que já se tinham juntado na dita Câmara por terem já aberta a parte da dita Câmara antes dele Juiz e vereador chegarem aclamando por Rei deste reino a dom João quarto duque de Bragança e pelo dito Juiz lhes foi proposto que ate o presente não tinha esta Câmara carta dos governadores novamente eleitos nem outra ordem superior por onde pudessem fazer e aclamar novo Rei somente tinham uma carta da Câmara da Cidade do Porto com a cópia da Carta que diziam tiveram dos governadores novamente eleitos as quais Cartas ele dito Juiz leu em vos alta que todos entenderam e propondo-lhes que convinha esperarem carta do novo governo para em tudo seguirem a ordem que lhes dessem e a dita nobreza e povo junto em uma voz aclamaram e disseram que não era necessário esperar outra ordem e queriam imitar em tudo a Cidade de Lisboa e do Porto e logo em vozes altas aclamaram por rei ao dito dom João e pelo dito capitão-mor tangendo no sino da Câmara se por a janela dela aclamando por Rei ao dito senhor dizendo real real viva dom João o quarto rei de Portugal e as mesmas palavras repetiram a nobreza e povo e por não estarem presentes os dois vozeadores Pero Cardozo de Menezes e Afonso Martins de Macedo não saíram em a provisão mas logo a tarde vieram os ditos vereadores e assentaram que amanhã às duas da tarde se ajuntassem nesta Câmara e a gente nobre para dela saírem a dar graças e mandaram se pusessem luminárias pelas janelas desta vila e arrabaldes e mandaram repenicar os sinos e relógio e fazer outras demonstrações de alegria e assinaram Gregório de Amaral escrivão da câmara o escrevi. Sousa. Meneses. Miranda. Macedo.
"

[Transcrição de João Lopes de Faria, retirada do blogue Pedra Formosa, da Sociedade Martins Sarmento.]



(Departamento de Ciências Sociais)

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